“Em 1991, o então Presidente da República e candidato a um segundo mandato em Belém, Mário Soares, pediu ao presidente da Assembleia da República da altura, Vítor Crespo, que fosse ele a ler a mensagem de Ano Novo aos portugueses. Soares fez saber à comunicação social que queria "evitar confusões entre os seus dois estatutos: o de efectivo e candidato presidencial".
Foi no ano em que Crespo pediu em nome de Portugal que a comunidade internacional condenasse "todas as violações dos direitos humanos" em Timor-Leste e que fosse finalmente reconhecido o direito à autodeterminação do povo timorense, livre de perseguições.
Dez anos depois, em 1991, Jorge Sampaio na mesma condição de Chefe do Estado e recandidato à Presidência da República tomou uma decisão ainda mais radical. Decidiu manter-se em silêncio, tanto mais que já andava na estrada em campanha eleitoral.
Antes de Soares e Sampaio, Ramalho Eanes não teve de se confrontar com esse dilema de ser Presidente em exercício de funções e candidato. Isto porque foi ainda eleito em Dezembro de 1980, poucos dias depois da morte de Sá Carneiro e quando leu a mensagem no primeiro dia de 1981 já tinha sido reeleito.
Nessa mensagem, o general não deixou de sublinhar ainda a importância da consolidação da democracia portuguesa: "Desfrutamos de uma larga experiência recolhida ao longo destes anos de prática democrática, que nos permite escolher entre o que é utópico ou impossível e o que é realizável e ajustável à vontade dos portugueses”.”
Diário de Notícias, 02-01-1011
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