segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Presidente tem de ser livre, não pode estar refém de ninguém

Mafalda e a multidão de apoiantes no comício de Viana do Castelo

Fotos de Luiz Carvalho

“Não estou apenas a lutar contra um adversário político”, afirmou Manuel Alegre esta noite em Viana do Castelo. “Este é um combate contra grandes interesses nacionais e não nacionais” que querem “tomar conta da saúde, da escola pública, da segurança social pública, através das seguradoras” e “fazer baixar os custos de produção eliminando o conceito de justa causa”. Para isso, alertou Manuel Alegre, “precisam de um Presidente complacente e, até certo ponto, com alguma cumplicidade com esses grandes interesses” que se revela através do “silêncio perante o ataque dos especuladores contra a nossa economia e o nosso país”.

Complacência que também se manifesta, segundo o candidato, “através de expressões de dúvida, quando o país precisava de uma palavra de confiança”, significando “um sinal a favor da especulação contra o nosso país”. Para Manuel Alegre, a direita quer o FMI em Portugal não só pela “impaciência do poder”, mas porque “eles sabem que o FMI faria o programa que eles queriam aplicar mas não têm coragem de submeter a votos, porque seriam derrotados”.

Alegre congratulou-se com o reforço do leque de forças políticas que o apoiam, hoje concretizado através do apoio de Garcia Pereira e do PCTP-MRPP, voltando a sublinhar que não é refém de ninguém. “O Presidente tem de ser livre”, disse, acrescentando que “não pode estar refém de interesses nem de ninguém” pois só assim poderá interpretar em cada momento o interesse nacional.

Ao contrário, para Alegre, o candidato da direita “começa a ser refém dos partidos políticos que o apoiam e que querem ir para o governo empurrados por ele”. “Por isso este candidato veio fazer uma estranha declaração sobre a eventualidade de uma crise política”, afirmou, considerando que “ele estava era a deixar espairecer a ideia de que podia provocar essa crise através da dissolução da Assembleia da República”. E ao fazê-lo “ficou refém dos dois partidos que o apoiam e diminuiu-se como Presidente de todos os portugueses”.

Manuel Alegre voltou a dizer, como em Coimbra, que “esta luta é uma luta cívica, política e ideológica” entre um candidato do neoliberalismo e a sua própria candidatura, que defende a democracia política, económica, social e cultural, “com os direitos todos”. E também uma luta cultural, pelos valores da República, da liberdade e do combate a todas as discriminações. “Tenho muito orgulho em ter votado a lei da paridade e outras leis que representam um grande avanço civilizacional na transformação dos costumes”, lembrou, sublinhando que o candidato Cavaco Silva se opôs a todas essas leis.

“Estão enganados aqueles que pretendiam que tudo estava decidido” disse ainda Manuel Alegre. “Nestes últimos dias temos vivido grandes momentos, em Castelo Branco, Viseu, Matosinhos, Baião e agora aqui”, frisou, para afirmar que “as pessoas começam a compreender a importância desta batalha política”.

Convicto da possibilidade de uma segunda volta, Manuel Alegre apelou à juventude para não se desinteressar da política e a toda a esquerda e a todos os democratas para não se distraírem e não se absterem no próximo domingo, terminando com um desafio a todos porque a hora é de “unir, somar e mobilizar”.

Antes do candidato, discursaram Alberto Midões, mandatário distrital da sua candidatura, Augusto Santos Silva, dirigente socialista e Ministro da Defesa, e João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda.

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