terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Manuel Alegre na Ilha Terceira: Não é este o caminho, temos de mudar de paradigma


"Portugal está ameaçado e a qualidade da democracia está a ser posta em causa por uma nova ditadura, a ditadura dos mercados financeiros" alertou Manuel Alegre no jantar de apoiantes na Ilha Terceira. O candidato apelou para a necessidade de uma nova visão estratégica para a Europa e para Portugal. "Portugal tem de fazer ouvir a sua voz", defendeu, face às pressões especulativas e ao novo eixo Paris-Berlim. "Não devemos ter complexos de inferioridade ou de “bons alunos da Europa. Este é um dos momentos mais críticos da história contemporânea, da Europa e de Portugal, (…) Portugal precisa de ter na Presidência da República alguém capaz de ter uma visão estratégica e de falar com os grandes da Europa de igual para igual.” Oiça o discurso na íntegra AQUI

O candidato relembrou as suas críticas recentes durante a sua visita a França, dirigidas a Sarkozy e Angela Merkel, reafirmando que o papel de um Presidente da República não pode ser o de dizer que os mercados "não nos ligam nenhuma", como o actual presidente o fez. "Em França critiquei o presidente Sarkozy por se aliar a Merkel e desvirtuar o projecto europeu, "e isto é um problema político”, não é um problema económico. Para Manuel Alegre, Portugal e os dirigentes políticos portugueses e europeus não devem ficar calados perante a nova ditadura dos mercados financeiros e o rasgar do Tratado de Lisboa. "A Irlanda já cortou tudo o que tinha para cortar e os juros da dívida continuam a subir", lembrou. "A Europa precisa é de crescimento, coesão social e políticas de emprego", insistiu.

"Temos que mudar de paradigma, disse ainda Manuel Alegre, explicando que "o problema da competitividade não se resolve liberalizando os despedimentos", mas sim com inovação tecnológica, inovação social e "uma nova cultura de empresa" com responsabilidade social.

Manuel Alegre foi largamente aplaudido, tendo reafirmado a sua convicção na importância da autonomia que reforça a especificidade das regiões autónomas, e que contribui para reforçar a portugalidade e a identidade nacional portuguesa.

Lembrando que vivemos hoje uma crise económica, financeira e social sem paralelo, afirmou que Portugal precisa de um Presidente da República que seja um moderador social, um garante das liberdades e da imparcialidade política, e não um Presidente que acrescente problemas ao funcionamento do sistema, ou que invente conflitos como o estatuto político dos Açores, assunto “para o qual o actual Presidente fez deliberadamente um conflito em vez da via pacífica e institucional.” E acrescentou: "Não precisamos de um Presidente da República com uma interpretação errada dos poderes presidenciais, que fala de uma cooperação estratégica, quando a Constituição fala de cooperação institucional. A cooperação estratégica subentende a partilha das definições da linha de um governo, mas não houve cooperação estratégica com o governo, o que houve foi uma coincidência estratégica com forças da oposição que falavam da asfixia democrática, enquanto o Presidente fazia essa coisa misteriosa nunca revelada das escutas em Belém."

Para Manuel Alegre, Portugal precisa de um Presidente da República que tenha uma interpretação correcta do exercício da função presidencial, “que não esvazie a função presidencial, que não é a de governar, mas assegurar a representação nacional, a de inspirar os portugueses, a de promover os grandes debates, a de ajudar a definir uma nova visão estratégica para o nosso país.”

No encontro, onde estiveram presentes Tomaz Borba Vieira, Carlos César e diversos dirigentes do PS e do BE, discursou ainda o mandatário para juventude, militante do CDS/PP, Leonardo da Ponte, um jovem advogado de 30 anos, que foi apoiante da candidatura presidencial de Manuel Alegre em 2006 e renovou o seu apoio em 2011.

Sem comentários:

Enviar um comentário